quinta-feira, 19 de julho de 2007

Vôo 3054 - Lula falará em rede nacional

Lula sairá da concha em que se encalacrou desde as vaias do Pan e falará amanhã, sexta-feira, 20 de julho, à noite em rede nacional de rádio e TV. Não irá apenas e novamente expressar pesar por causa do acidente de terça-feira, 17, com o avião da TAM, mas sobretudo anunciará medidas que visem reforçar a segurança aérea do aeroporto de Congonhas, o mais movimentado do país.
Depois de quase 48 horas de sucessivas reuniões com o seu nada mole núcleo político, Luiz Inácio da Silva parece ter conseguido que um desenho das soluções ficasse pronto.
As medidas carecem ser discutidas, ainda, com o Conac (Conselho Nacional de Aviação Civil), que terá uma reunião a respeito do tema. São membros do Conac os ministros da Defesa (Presidente), Relações Exteriores, Fazenda, Turismo, Indústria e Comércio Exterior, além do chefe da Casa Civil e do comandante da Aeronáutica. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, que ajudou a formular parte das medidas, não participa desse órgão.
Itens que devem fazer parte do pacotão pós-3054:
1)Número de vôos em Congonhas: hoje, o máximo por hora é de 44. Muitas vezes, entretanto, chegam a ocorrer até 48 pousos e decolagens por hora. O ritmo é frenético. Deve haver uma redução para um máximo de 35 (mas esse número pode ficar ainda menor em condições climáticas menos favoráveis). Os vôos desviados terão de se virar para encontrar espaço em Guarulhos e Viracopos. A ser mesmo levada a cabo essa decisão, Lula estará comprando briga com as companhias aéreas (que terão prejuízo) e com parte da classe média (que faz uso das facilidades de Congonhas);
2)Jatinhos: Lula sempre insiste nesse ponto quando participa de reuniões a respeito. Acha que os vôos executivos devem ser todos retirados de Congonhas. “Quem tem dinheiro para alugar avião pode parar mais longe e arcar com os custos de alugar também um helicóptero para chegar ao centro da cidade”, parece que foi a frase mais ouvida hoje dentro do Planalto. Não será uma decisão fácil. No mínimo deve ser imposta uma redução drástica desse tipo de operação;
3)Peso total dos aviões: a idéia é dar um desconto no que indica a norma internacional. Se, como afirmou a TAM, o limite de peso para um avião como o Airbus é de 64 toneladas numa pista como Congonhas, esse limite será reduzido ainda mais como forma de conferir mais segurança nas operações de pouso e decolagem;
4)Cargas: embora os aviões cargueiros não parem em Congonhas, os vôos de passageiros acabam sempre ocupando espaço vago para transportar algum tipo de carga. Essa operação deve ser restringida ao máximo em Congonhas.
Lula também planeja demitir parte da cúpula do setor aéreo, mas essas alterações não foram finalizadas. Estão na lista de possíveis demitidos o ministro da Defesa, Waldir Pires, e o presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira.
Ontem, o Palácio do Planalto negou que Pereira já tivesse entregado o cargo, como chegou a ser divulgado. Mas a negativa veio até com certo pesar. Até porque o pedido de demissão seria bem-vindo.
Por Carla Monteiro

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